O município de Parobé no estado do Rio Grande do Sul, possui 18 Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida – COM-VIDA. São 18 escolas representadas e que representam as aspirações de toda a sua comunidade.
Todas as COM-VIDAS, possuem um professor facilitador e um aluno coordenador, estes representantes participam mensalmente de encontros municipais para organizar e socializar suas experiências locais, na Sala verde – Espaço Socioambiental de Parobé, sob a coordenação do CEAP –Coletivo de Educadores Ambientais de Parobé.
Com a proximidade da Semana Interamericana da água, as COM-VIDAS observaram a necessidade de conhecer melhor as águas de Parobé e suas condições. Para tal, foram levantadas várias situações e locais como: açudes, rios, arroios, estações de tratamento, residências, indústrias, banhados, e outros.
Sendo assim, resolveu-se organizar uma saída a campo, sob enfoques perceptivos e democráticos onde se procurou identificar a visão de 10 alunos da zona urbana e 10 alunos da zona, rural sobre as diferentes formas que encontramos a água em nosso município. Foi escolhido pelo grupo CEAP e CJ-RS 8 locais para observação e coleta de água. No decorrer das observações nenhuma explicação oral seria realizada, os alunos se utilizariam apenas de sua percepção do local, e em cada ponto de coleta deveriam responder a seguinte pergunta: Para você, esta água é boa ou ruim? Porque?
O primeiro local visitado foi a Sala Verde- Espaço Socioambiental de Parobé, nela foi esclarecido as principais duvidas sobre a metodologia e foi coletada água da torneira para observação e inicio dos trabalhos, este ponto foi identificado como ponto n° 1. a Sala Verde situa-se na parte central do município e é atendida pela rede de abastecimento publico.
Saindo da Sala Verde, o ônibus colocado a disposição para esta atividade encaminhou-se para a estação de tratamento de água da CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento. Na estação, conheceu-se todo o processo de tratamento e de distribuição da água no município, coletaram-se amostras, se identificou como o ponto de n° 02 e se respondeu as duas perguntas da metodologia.
O ponto denominado n° 03, foi realizado em uma pequena propriedade rural adquirida através do Banco da Terra. Neste local se observou a água de um açude utilizado para irrigação e para uma pequena produção em piscicultura, aplicando a metodologia adotada para a atividade.
Na localidade do Morro Negro, também zona rural de Parobé, não há oferta de água tratada, então se realizou a atividade denominada n° 04 em um poço artesiano da propriedade de Hélio Gelinger. Na propriedade funciona um pequeno alambique com produção artesanal de cachaça, melado, licores e caldo de cana em pequena escala.
O ponto n° 05 também ocorreu no Morro Negro, na residência de Metchia Gelinger que possui uma cisterna, onde coleta água da chuva e reaproveita para o banheiro da casa, limpezas em geral e irrigação de sua horta familiar. Neste local foi oferecido um almoço de confraternização entre os participantes e uma parada para reflexão dos primeiros resultados.
Na parte da tarde, as atividades foram retomadas com uma visita próximo a foz do arroio Funil, que transpassa grande parte do município. Considerado como ponto de n° 06, o arroio apresentava-se com grande área de assoreamento, e quase total inexistência de mata ciliar. Ainda cabe destacar que foi possível verificar que muitas empresas próximas utilizavam –se das águas do arroio para seu consumo e para desprezo de seus afluentes. O mesmo se observava nas residências próximas as margens do mesmo.
O ponto de n° 07 onde a metodologia foi aplicada tratou-se de um balneário do Rio dos Sinos, no distrito de Santa Cristina. Este balneário é considerado por vários órgãos ambientais como o ultimo que possibilita o banho sem prejuízos a saúde humana, porém se visualizou vários encanamentos despejando esgoto doméstico in natura no rio.
Nas proximidades do balneário, se encontra uma pequena porção de banhado, este serviu de ponto n° 08 e ultimo, para a metodologia executada. Neste local se constatou a existência de variados espécimes de plantas, insetos e outros animais, além de muitas residências muito próximas ao banhado, e outras com organização de estrutura para invasão do mesmo.
Após a saída descrita, um grupo de trabalho composto pelo CEAP, sistematizou as respostas dos participantes da atividade de forma qualitativa e a entregou as COM-VIDAS do município para observações e conclusões.
Nesta sistematização observou-se grande diferenciação perceptiva entre os dois grupos participantes, o desconhecimento de algumas informações sobre os locais, que em sua maioria estavam explícitos, possibilitou aos alunos da zona urbana menções negativas quanto aos pontos 03, 05, 06 e 07. Já os mesmos motivos levaram com que os alunos de zona rural negassem aos pontos 01 e 02, e os dois grupos desqualificaram o ponto 08.
Com base nas análises da sistematização realizada pelos grupos de COM-VIDAS, foi realizada uma tarde de conclusões, onde cada participante e integrante das COM-VIDAS pode esclarecer e apresentar suas opiniões sobre os resultados da atividade.
Este momento foi muito importante, para o planejamento das ações da Semana Interamericana da Água no município, pois através dela se esclareceu e desmistificou aspectos importantes sobre as águas de Parobé, e unificou algumas percepções, trazendo á muitos novas perspectivas sobre o assunto.
Entre as conclusões desta tarde de diálogos, as COM-VIDAS ressaltaram a importância cultural da água e a necessidade do cuidado como fonte de preservação, descobrimento e reconhecimento.
Baseado no estudo descrito, o tema da Semana Interamericana da água em Parobé foi Conhecendo e Cuidando de nossas águas, e sua programação privilegiou a difusão de informações sobre banhados, sua importância e necessidades; organizou-se mutirões de plantio de árvores nativas em pontos estratégicos das margens do Rio dos Sinos e em 3 de seus arroios contribuintes.
Ainda sobre a programação, se realizou oficinas em diversas associações de moradores e escolas sobre cisternas, tratamento de água, e sobre fossa e sumidouro. Foi organizada também, a distribuição de várias análises químico-físico da água para residências em locais onde não há oferta de água tratada no município. Os resultados da saída a campo e as amostras de água coletadas nos pontos formaram uma exposição itinerante que passou o mês de Outubro visitando escolas e locais públicos em todas as comunidades.
Sendo assim, considerou-se de grande contribuição o desenvolvimento desta metodologia de observação e percepção para afinar os objetivos frente as diferentes realidades da água no município, além de gerar novas ações e soluções locais para que as COM-VIDAS consigam inserir-se cada vez mais nas comunidades.
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